Farisaísmo
Os tradicionalistas gostam muito de usar o direito canônico e o catecismo da Igreja. Em tais importantes documentos oficiais amparam seus argumentos. Seria muito melhor e até mais digno se tivessem antes e acima de tudo um saudável apego à bíblia, fonte reveladora. A bíblia e a tradição são as duas fontes da revelação divina juntamente com o magistério ordinário da Igreja. Quando assim agem estão apoiados em alguma ideologia, isso não depende do grau de instrução da pessoa. O leproso do evangelho de São Marcos fere a lei e se aproxima de Jesus e o próprio Jesus transgride a lei e toca nele. Assim ambos transgridem, o leproso motivado pela esperança da cura e Jesus motivado pela misericórdia. Algumas transgressões são necessárias quando o objetivo é a dignidade da vida. É impressionante a discussão a respeito da campanha da fraternidade atual, quanto farisaísmo ideológico. A CNBB está absolutamente correta e agindo com profecia, os diferentes irmãos estão abertos ao diálogo e isso é obra da graça divina e não ideologia. Aquilo que nos une é muito mais importante do que aquilo que nos divide. Em parte aparece também a manipulação político partidária que é obra do mistério da iniquidade. A CNBB não manda, apenas assessora com reta intenção e em profunda comunhão com o bispo de Roma. Tradicionalistas, deixem a ideologia e abracem a comunhão episcopal. Com Pedro, sob Pedro.
Reforma litúrgica
A unidade é a realidade mais cara que existe. Seu preço é por demais elevado. O respeito pelo diferente é uma exigência da fé. A padronização não tem nada com a unidade, sua radical adversária (a padronização) é uma obra de arte do mistério da iniquidade. Sem o diferente a unidade é doença psico-emocional de grande gravidade. Vejo com tristeza, nos solenes pontificais, todos igualmente paramentados. Isso é uniformidade, jamais unidade. O presbitério é por excelência o lugar da diversidade, ali a unidade deve acontecer ao redor da doutrina e da liturgia.
O papa Paulo VI ,na reforma litúrgica deu uma profunda simplificada na liturgia. No silêncio do meu coração de catequista rural espero por uma nova reforma litúrgica que recoloque nossas celebrações no ambiente do mistério. Muitos dos nossos símbolos não dizem mais nada para o nosso santo povo. Exemplo: o excesso de velas sobre o altar atrapalha muito o presidente da celebração, entre o celebrante e o comunidade presente só a ação do Espírito Santo, uma vela é o suficiente. O incenso deve ser estritamente ao Santíssimo Sacramento, não se incensa símbolos e sim a realidade divina. A nossa liturgia é muito rica, no entanto estamos a estraga-la. A liturgia não é teatro e sim celebração do mistério trinitário pela comunidade de fé sob a presidência do bispo ou de um vigário seu. A comunidade participa mas não concelebra e nem co- celebra, o rebanho não pastoreia.
Caminho de santidade
A qualidade de nossa vivência existencial é fruto da saúde, especialmente psico-emocional. A pessoa humana é um grande mistério e se relaciona com outros grandes mistérios. O relacionamento entre as pessoas é sempre um grande desafio tenso. Cada pessoa é única e exclusiva e assim vai interagir com outras: únicas e exclusivas. A paz só existe positivamente na tensão. Olhar o outro sempre com carinho, é humano e vive no silêncio íntimo algumas fortes pressões. No ambiente familiar tal realidade é de vital importância, ninguém pode anular o outro e sim ajudá-lo a caminhar. Diferença não é defeito e sim qualidade especial. Não faça nunca nenhuma comparação entre você e outra pessoa qualquer, comparar as diferenças não é inteligente.
Conheço dezenas de pessoas que trazem profundos mistérios(éticos e morais) e que nunca poderão ser partilhados. Aqui na vida de cada pessoa, especialmente na do padre, a beleza de uma lúcida amizade (amigo é mais do que irmão). Ninguém fica santo sozinho, portanto existem segredos pessoais que nunca devem ser publicados, o outro pode não ter condições de compreender. Não se esqueça nunca de que o outro também é um mistério, por isso pode nos surpreender. Não se assuste nunca com nada ,tudo pode acontecer inclusive o nada. Aqui quero lembrar que: a gente machuca é com a faca da cozinha. A relação humana acontece sempre entre os mistérios e a única ferramenta humana viável é o diálogo :verdadeiro, humilde e absolutamente compreensivo. Não precisa ganhar a pessoa, basta ganhar a confiança dela. Na vida real o que não for bem resolvido com um diálogo digno não tem solução. Somos mistérios, ninguém é só santo ou somente pecador. Somos humanos a caminho da santidade, mas ela ainda está distante (ao menos para mim). Humildade.
O Senhor fez maravilhas
Na carta aos hebreus, o autor mostra Jesus, o nazareno, como: sacerdote, altar e vítima. Como sacerdote porque preside a plena celebração da redenção no mistério da Trindade Santa, Ele é o litúrgo que realiza em definitivo a completa restauração. Um sacerdócio eterno que explícita a história da liturgia divina. Altar justamente porque é Nele que a celebração acontece. Vitima por entrega total de Si mesmo. Deus, dá-Se por nós. Eu padre vou precisar de uma eternidade inteira para compreender a beleza do sacerdócio. Por grande graça, pura e plena, participamos da mesma realidade: sacerdotes, altares e vítimas.
A carta aos hebreus mostra que em Cristo, na plenitude eterna dos tempos, fomos escolhidos para historicisar este mistério. Ser padre, não é qualquer coisa, mas expressão real do carinho divino para com a comunidade humana. Saímos de dentro do povo, fomos consagrados e devolvidos ao povo. Entre a saída e a devolução, a Trindade Santa nos formou na cadinho da história. Agora podemos entender melhor o que dizia São Paulo: para mim viver é Cristo. padre que não toma consciência de ser um lugar histórico do mistério divino, ainda caminha de mal com a vida. Para mim, viver é o sacerdócio (todo padre), aqui a palavra do último profeta é bastante forte: é necessário que eu diminua e que Ele cresça.
Ser padre é um mistério e sem está serena consciência o sacerdócio fica inviável humanamente. Depois de nossa ordenação (cada padre) a maior graça que Deus nos dá é a perseverança. O sacerdócio católico foi o jeito que Deus escolheu para continuar servindo verdadeiramente a comunidade humana. Sejamos padres profundamente simples, em nós de um modo especial tudo é graça sobre graça. No momento real da nossa escolha, a Trindade Santa contemplou a Virgem Maria e assim também fez em nós: maravilhas.
De volta ao Cenáculo
O mundo não lia os discursos de Hitler, não leu os de Komehini. Hoje, o ocidente paga caro por demais. Em 1919, depois da primeira guerra mundial, preso na Áustria, Hitler escreveu o livro em alemão: mein kampf a minha luta). Expunha com clareza suas intenções e defendia seu ideal prático. Com está obra, amplamente vendida na Europa, construiu uma grande fortuna pessoal. Aproveitou do grande sofrimento do povo germânico e vendeu seu plano de uma grande Alemanha. Eleito pelo povo, em 1933, chegou ao poder. Publicamente, vivia com grande simplicidade. Em primeiro de setembro de 1939 invadiu a Polônia e deu início ao grande conflito mundial. Fanatizou grande parte do povo alemão e governava com mão de ferro. No dia 30 de abril de 1945, quando as tropas aliadas entraram em Berlim, suicidou juntamente com sua mulher Ana Brawn, não tinham filhos. O restante da tragédia todos nós conhecemos. Tudo isso para dizer: o mundo não lia seus discursos.
Desde 1979,quando os muçulmanos xiitas chegaram ao poder no Irã com Komehini, o mundo entrou em nova convulsão que o ocidente insiste em não enxergar. Em 711, os muçulmanos entraram militarmente na Europa e não deu certo, foram expulsos também militarmente em 1492. Agora estão entrando pacificamente e ocupando o espaço da cultura ocidental. A Europa pagã ainda não percebeu que será palco de uma segunda grande síntese cultural. Aqui, desta madrugada escrevendo de improviso quero afirmar que: a Igreja católica possui duas chances diante de tudo isso, a saber: 1. sobreviverá pela sua santidade; 2. sobreviverá também pela sua radical pobreza. O bispo de Roma, voltará a celebrar nas catacumbas dos novos mártires. Não liam Hitler e não leram Komehini. Regressamos ao cenáculo.
A lentidão da humanidade
Existem situações que são inexplicáveis. A escrita conhecida tem aproximadamente 5 mil anos. Isso marca o início da história humana enquanto registro documental. Como explicar a existência de analfabetos ainda hoje? Assim também a agricultura, como explicar a fome? A medicina e como explicar as doenças não curáveis? Podemos olhar muitos outros setores da vida humana e a resposta será uma decepção. O maior progresso da história humana está na capacidade de matar. Posto isso, quero perguntar: o que estamos fazendo da inteligência recebida? Olhando somente o plano material.
A pessoa humana existe desde milhares de séculos, qual o progresso humano real? Tem gente que ainda mente, rouba e etc. No plano da dignidade humana, Deus é o nosso formador, parece que não somos bons alunos. Os povos fazem terríveis guerras, isso provoca uma gigantesca destruição, enormes prejuízos, morrem milhares. Depois da ampla tragédia, assentam solenemente à mesa e realizam a paz. Porque não foram capazes da paz antes? Enquanto uma única pessoa no mundo for capaz de não amar, então ainda somos crianças diante da história. A fome,a dor,enfim toda e qualquer miséria são testemunhos da nossa vulgaridade vivencial. As diferenças são absolutamente normais,a miséria existencial de milhões é crime contra a humanidade. Pela injustiça social, todos nós temos alguma responsabilidade. Para tudo, só existe uma resposta: Jesus, o Cristo de Deus. Em muitos aspectos da vida real ainda estamos antes do aparecimento da escrita. Humanamente o nosso desenvolvimento é por demais lento.
O altar da Trindade
A absolvição sacramental nos põe numa nova realidade histórica de vida. Realmente ali, na celebração sacramental a Trindade Santa nos cura de todo pecado. O mistério da iniquidade ultrapassa a realidade espiritual e atinge fortemente o mundo físico. Na raiz de todo e qualquer mal, seja ele qual for, existe a presença do pecado. Essa realidade é a causa primeira de todo o negativo que existe e acontece. O pecado inicial atingiu todo o cosmo. Em Cristo tudo foi plenamente restaurado em definitivo. Todas as pessoas que com honestidade intelectual estudarem a Sagrada Escritura chegarão ao Cristo de Deus e por consequência à Igreja católica. A graça realiza no interior da pessoa humana e da história um verdadeiro trabalho missionário, assim polindo as arestas. A graça divina trabalha no cosmo mantendo-o como altar litúrgico da Trindade Santa. Todo pecado pessoal provoca alguma repercussão no todo do universo, daqui nasce a consciência da conversão ecológica. Toda celebração eucarística promove uma especial ação no cosmo de tal modo a fecunda-lo,daí o doutor da graça (Santo Agostinho) concluir partindo de São Paulo a gravidez cósmica. A poluição, o envenenamento tóxico, os gazes liberados, o uso excessivo de elementos químicos na agricultura e etc, são situações de pecado ecológico. A Igreja tem uma especial responsabilidade pelo meio ambiente e a causa da ecologia não pode ser um mero modismo oportuno e sim uma consciência de fidelidade ao Criador. A presença humana é sempre um grande desafio, a ganância econômica não dialoga com a natureza, mas a suga sempre. Sentir-se responsável pelo todo do universo é um ato de fé, a vida humana depende da relação saudável entre todos os entes existentes.
A arca de Noé
A imagem bíblica mais bonita da Igreja é a arca de Noé. Uma metáfora belíssima. Vejamos: dentro dela tudo é vida, navega em todas as direções e daí não tem nenhum ponto referencial. Seu destino é um porto seguro e sua visibilidade é um ramo verde. A presença é um casal e assim proíbe o isolamento. A reprodução precisa do sexo oposto e portanto toda diferença é absolutamente normal. A pomba que sai para buscar um sinal de vida – um ramo verde – é a imagem do Espírito Santo (Jonas em aramaico) e ao atracar num pico nos põe nas alturas. Eis a Igreja de Cristo. Nos últimos 120 anos, estamos vivendo um tempo muito rico na Igreja. Nunca houve tanta santidade pública e notória. Mesmo assim o pecado continua presente e a nossa conversão, uma exigência atual. As ondas continuam batendo na barca e ela oferecendo vida nova. Quando a pomba regressa à arca com um ramo verde no bico é o Espírito Santo dizendo que a Igreja é a sua comunidade. Cento e vinte anos de muita santidade e também de vários pecados. De 1903 até 2020, quatro papas canonizados, dois em processos de beatificações e uma grande multidão de homens e mulheres a caminho do altar. Na nossa diocese de Guaxupé, uma sucessão de bons bispos e um grande número de padres (do passado e do presente) em busca da santidade. O mau que acontece no mundo durante um dia inteiro, cabe num jornal, o bem jamais. A Igreja católica, parece com a minha mãe. Eu a amo.
Tradição e tradicionalismo
Alguns irmãos tradicionalistas cometem um grave equívoco. Entendem como tradição da Igreja apenas o ciclo histórico do importante concílio de Trento (1545 até 1563). O tempo anterior ao mencionado concílio e seus desdobramentos não são aceitos. Para eles a tradição da Igreja está assim resumida de Paulo terceiro até Pio quinto. Na realidade histórica, a tradição da Igreja não é um ciclo da sua história, mas a sua própria história fundada na ressurreição de Jesus, o nazareno. Ao estabelecer um ciclo da sua história como sendo a “tradição da Igreja” negam valor aos outros dados que são da tradição legítima e portanto, fonte de revelação.
Os tradicionalistas estão fazendo um reducionismo doutrinal e assim sendo não estão em plena comunhão com a Igreja. Fico muito incomodado com alguns irmãos padres que se posicionam como “tradicionalistas práticos “e certamente nunca estudaram as bonitas e importantes orientações litúrgicas dos respectivos ritos e celebrações. O zelo litúrgico é da boa responsabilidade de todo padre, alguns na verdade são ansiosos (distúrbio) e encontram na magia do rito o acompanhamento que deveriam fazer no divã do psiquiatra. Quase todos trazem no apego ao “tradicionalismo “sinais evidentes de conflitos interiores. Geralmente rezam pouco, justamente porque a questão não é litúrgica e sim: profunda insegurança emocional. O “tradicionalismo “é uma especial expressão de não identidade pessoal e também existencial. São pessoas incapazes de enfrentar o futuro e daí se ligam ao ciclo histórico que lhes dá tranquilidade. Como pode um jovem sacerdote sentir saudades de uma liturgia dele nunca vista? A concepção humana é o limite extremo do passado pessoal de cada um, fora isso só pode ser saudades da não vida.
Formar pastores
A vivência da fé cristã é uma especial experiência da clemência de Deus. A vocação recebida é o meio que Ele, o Senhor, nos concedeu como graça existencial. Toda vocação visa a nossa santidade de vida, cada um atingirá a dignidade humana e a santidade vivendo a sua vocação própria. A santidade de vida é fruto da boa vivência vocacional, daqui nasce a consciência da fidelidade. Quando uma pessoa qualquer abandona a sua vocação pessoal é uma forte expressão de grave falha na formação. As pessoas abandonam a profissão (realidade absolutamente normal), agora deixar vocação é muito estranho. A Igreja precisa rever o processo de formação dos padres, está muito fácil deixar de ser padre. Vejam um exemplo do mundo econômico: nenhuma empresa investe tanto tempo e dinheiro na formação de seus agentes, a Igreja investe no mínimo sete anos (filosofia e teologia) e depois a pessoa abandona tudo. A formação dos ministros eclesiásticos deve ser uma liturgia diocesana, ou seja: é tarefa do bispo e do presbitério (tarefa eclesial) e se deve formar pastores. Um grave equívoco atual é a formação do clero dos movimentos de pastoral (novas comunidades ), não pode existir um clero específico para tais realidades eclesiais, isso fere a santa tradição da Igreja. Desvincula o padre do bispo e o liga ao fundador, todo padre é essencialmente vinculado ao bispo local de modo sacramental. O movimento religioso seja ele qual for não pode ter o seu clero próprio, superior religioso não é sacramento,o bispo é sacramento. Esses equívocos precisam ser superados com ternura e vigor.
Materialismo
O mundo ocidental e também a Igreja estão mergulhados numa profunda crise de identidade. Ambos estão perdendo a dignidade da fé. A Europa e a América do Norte abraçaram a idolatria do mero bem estar social, tudo se resume na boa qualidade de vida. A Igreja, presidida na caridade pelo bispo de Roma também sofre a influência negativa do materialismo histórico. Sem retomar ousadamente a vivência histórica real da pobreza evangélica, o futuro humano dela será muito difícil. Não virá um outro Amós, temos o evangelho muito mais forte. Porque tantos se fascinaram e ainda hoje vão atrás do pobrezinho de Assis? de Tereza de Calcutá? de Frederico Ozanan? e assim de muitos outros do passado e também do presente? A resposta é muito simples: foram radicais na vivência da fé, comprometeram com o Jesus histórico, o Cristo de Deus, para eles a fé não era uma ideologia e sim um compromisso existencial de vida. O mundo ocidental domesticou o Senhor Deus, reduzindo-O a um simples ornamento. Deixou de ser sentido e centro da vida para ser moldura da cultura. Convertemo-nos já.
A reserva eucarística
A reserva eucarística existente em numerosos templos produz pela força da graça divina uma grande influência no todo do universo. Também o cosmo está fecundado de Deus e num processo crescente de cristificação realiza pelos diferentes sons que produz uma louvação ao Eterno Senhor. O universo inteiro está num processo crescente de eucaristisação. A inconsciência da criação reconhece e aceita a consciência do Criador. O cosmo inteiro é um sacramental da Trindade Santa e sempre funciona a modo de professor para a pessoa humana. A reserva eucarística se transforma em ponto fundamental e central de atração, sendo pois uma excelente fonte de irradiação. A presença eucarística de Cristo resguarda o universo e a história de grandes e inexplicáveis situações nefastas. A eucaristia não é somente alimento, também faz acontecer realidades extraordinárias que sempre visam o bem do homem, da história e do cosmo. O suor daquele que comunga eucaristicamente, fecunda o solo da história e é a mais absoluta chuva, afinal sabemos que o suor da pessoa que trabalha dignifica a terra, abençoando também a semente. A presença eucarística é central em toda comunidade e sua ação ultrapassa os limites da realidade existencial humana. A eucaristia age para além da Igreja e seu efeito é positivo e demonstrado em todo acontecimento santo .A eucaristia é maior do que a Igreja e a conduz belamente pelas vias da história.
Santidade
Aquele, seja ele qual for, que no diário comum da vida real buscar com honestidade de coração a santidade, será tido em grande conta por Deus. O Cristo de Deus, ao olhar o saudável esforço humano de qualquer pessoa,faz a seguinte afirmação: eis aí minha mãe e meus irmãos. São Mateus destaca a grandeza do esforço em viver a vontade de Deus. Todo aquele que busca no esforço sereno praticar a vontade de Deus é elevado a dignidade da mãe de Jesus. Aqui São Mateus destaca o imenso valor da santidade no comum diário da realidade histórica. A santidade é um grande processo em construção, quem procura o Cristo de Deus durante a vida será abraçado por Ele na hora da morte e ali então faremos o mais intenso ato de fé: meu Senhor e meu Deus.
A santidade é uma realidade absolutamente pessoal e singular, santidade é busca e nunca posse. Cada pessoa na história constrói a santidade verdadeira conforme o designo da misericórdia divina e não como plano de luta pessoal. Eu quero ser santo conforme a vontade de Deus, jamais conforme a minha vontade pessoal. O primeiro grande passo para a santidade é descobrir na realidade existencial o seguinte: hoje, aqui e agora, como Deus quer que eu seja santo? Feita tal descoberta, temos então o segundo momento, ei-lo: renunciar o projeto pessoal (normalmente ilusório) e assumir com coragem o projeto divino específico para mim. Aqui já aparece um grande fruto desta decisão: uma grande alegria interior. O grau da alegria, manifesta o grau da dignidade pessoal. A Trindade Santa nunca age no atacado e nós temos ao nosso alcance e ao nosso dispor a suficiente graça de Deus.
A santidade de vida não é uma mera realização pessoal e sim a satisfação de Deus em nós, por isso começa com a renuncia. Aqui tem outro fundamental segredo: não basta renunciar uma vez, mas refazer a renuncia diariamente, senão em pouco tempo estaremos com tudo novamente. Quero a modo de catequista rural afirmar que: renunciar e não ter saudades do renunciado.
A beleza da pobreza
A Igreja é o novo povo de Deus, a escravidão ficou para trás. Seu habitat são as estradas e as ruas do mundo. Onde existir uma única pessoa, a Igreja tem de chegar e servir. Todos os seus membros foram plenamente restaurados no batismo, portanto é uma comunidade de pessoas novas. Assim como a lua opaca e sem nenhum brilho reflete a luz do sol deve a Igreja refletir a luz divina. A luz refletida pela Igreja é o brilho da graça divina. A hierarquia existe na
Igreja para o serviço, sobretudo aos mais frágeis. As vestes da hierarquia precisam ser simplificadas afim de deixar o pastor mais próximo do rebanho. Não se atraí nem pelo luxo e nem pela beleza, mas pela santidade de vida. No bom sentido, o santo se impõe pela modéstia vivencial.
Muitos dos nossos símbolos litúrgicos são absolutamente estranhos para o povo e não dizem mais nada (apenas massageiam o nosso ego). Ao longo do caminho histórico, a Igreja vai aprendendo muitas coisas (isso é muito bom), acontece que esquece de desaprender outras (isso é ruim). Muitos objetos usados nos diferentes ritos não tem nada de significativo com a necessária beleza litúrgica e sim são demonstrações de poder. O necessário zelo litúrgico não significa nem luxo e nem ostentação. São Mateus no seu evangelho tira da mão do discípulo até o cajado deixado por São Lucas.
A vivência eclesiástica deve acontecer nos limites do conforto digno, a pobreza evangélica não é assunto de pregação e sim de autenticidade em relação a fé. Muitas casas paroquiais são escandalosas, se Jesus fosse visita-las ficaria aborrecido e diria assim: esse irmão ainda não entendeu. A comunidade de fé é chamada também a conversão material, na dignidade da pobreza evangélica reside um grande e vigoroso apelo de Deus. Na raiz de toda riqueza existe ao menos uma corrupção e ninguém é fiel no luxo. Trabalhemos com e na simplicidade. Esta é uma excelente característica da qualidade de nossa fidelidade ao serviço litúrgico da Igreja.
O serviço episcopal
Aquele que é chamado ao serviço episcopal é pela força da graça sacramental específica, configurado ao Cristo cabeça. Assim como o presbítero é tirado do meio do povo, o bispo é tirado dentre os padres e devolvido a comunidade de fé como aquele que serve. O episcopado é um serviço duplo, a saber: responsável pela pastoral (olhar para dentro da Igreja) e pela evangelização (olhar para fora da Igreja). Seu trabalho central é a santificação daqueles que lhe foram confiados e oferecer aos de fora da comunidade, Jesus Cristo. Ao presidir a diocese na caridade se põe historicamente no lugar de Cristo e aí realiza a visibilidade da caridade pastoral. Em toda diocese a unidade é da absoluta responsabilidade episcopal, o bispo nunca pode ser causa de nenhuma divisão. Homem do diálogo, da escuta e da ponderação constante faz acontecer na diocese, ao máximo possível, o reino de Deus. Aqueles que fazem carreira para o episcopado, não servem jamais.
A formação dos leigos é outra realidade que merece, por parte do bispo, uma excelente atenção. A formação presbiteral também é uma grande tarefa, aqui não pode haver nenhuma economia. A formação seminaristica dos futuros padres deve ser uma especial obra do bispo, formar com competência. Um padre mal formado é um grande problema permanente. A ignorância em nada favorece a Igreja. Daqui nasce a necessidade de bons assessores, cabendo ao bispo a coordenação geral. Todos aqueles que exercem cargos de confiança, devem ser absolutamente leais, não se põe adversários em lugares estratégicos. O episcopado é por excelência um ministério vital na Igreja de Jesus e só existe uma maneira de bem exerce-lo: com a maior simplicidade possível. O clero deve ter no bispo a sua referência geral e muito especialmente na celebração litúrgica. O bispo em cada diocese realiza a obra de um evangelista.
O resto de Israel
Na casa da família de Nazaré conviviam três pessoas. José, o homem da obediência; a Virgem Maria a mulher da escuta e Jesus, o Cristo de Deus. Todos faziam parte (historicamente) do resto de Israel. Hoje podemos falar num resto de Igreja. José trazia no concreto dinâmico da vida as marcas do pecado, na sua intuição, o Senhor Deus falava sempre ordenando o que fazer: receba Maria; fuja para o Egito; volte do Egito e se estabeleça em Nazaré. Não compreendia, mas obedecia na fé dos pobres de Israel. No silêncio do seu coração vivenciava uma grande inquietação: o que o Senhor Deus quer de mim? José compreendeu logo que de sua parte o Senhor Deus pedia a mais absoluta obediência, então obedeço. Ele olhava a esposa e também o filho e aceitava tudo no mais digno sentido da fé: o Senhor Deus está agindo.
A Virgem Maria na lida diária vivenciava a sublime presença de Deus. Ela olhava José e dizia; que bela obediência, que grandeza de alma. José, imagem do antigo testamento, a Virgem Maria imagem do novo testamento e o Filho Unigênito o elo entre um e outro para tudo, no altar da cruz, restaurar. Em Cristo, surge o novo povo de Deus. Na casa da família de Nazaré, tudo era uma solene liturgia, José e a Virgem Maria sintetizando com plena dignidade a criação inteira e o Filho celebrando a mais absoluta recriação. Assim deve ser a Igreja: entre todos um elo de união e no altar da eucaristia, a solenidade da ação divina. Amem.
Pedro e Paulo
A Igreja com jubilosa alegria celebra São Pedro e São Paulo. Pedro, o mais humano do grupo apostólico professou lá pelas bandas de Cesareia de Felipe a grandeza de sua fé: Tu és o Cristo de Deus e foi confirmado depois da ressurreição quando ao responder a terceira pergunta, disse: Tú sabes tudo. Sua tarefa é justamente presidir na caridade a Igreja ao longo da história. Na Palestina foi conquistado pelo Mestre e em Roma se entregou como testemunha da fé. Descobriu em Cristo o sentido da vida e foi o homem do diálogo, manteve a comunidade unida ao redor do cerne da verdade maior, a ressurreição. Apascentou a Igreja com mansidão e coragem e guiado pelo Espírito Santo foi no centro do poderoso império uma luz forte. No final da vida, regou com o sangue o chão do mundo fazendo-o fértil pela obra da Graça.
Paulo, o fariseu fiel que foi atraído pelo Mestre depois da ressurreição e aceitou ser radicalmente moldado pela força da graça. Entendeu, no silêncio do deserto do Arabá que tudo era nada e que Cristo era tudo. Tocado pela graça, foi incansável missionário. O Cristo de Deus, não deixa ninguém quieto, todos agem porque a sua presença impulsiona para a missão. Quem experimenta Cristo nunca mais fica estacionado, o mundo é sua casa e o Cristo o seu caminho. Pedro e Paulo, são expressões da história e da vida da Igreja, pastores e missionários que trabalham ousadamente. A maré do mar não é dificuldade e sim impulso. Sejamos devotos do Papa, o Pedro de hoje. Sejamos devotos da missão, o Paulo de hoje. Pedro e Paulo, testemunhas da ressurreição e colunas vitais da Igreja.
Do lado traspassado de Cristo nasceu a Igreja
A Igreja não pode ser vista apenas como uma mera instituição qualquer. Naturalmente ela tem sim a sua realidade histórica e institucional. A Igreja nasceu do peito de Cristo rasgado pela lança do soldado, ali Deus mostrou a originalidade da Igreja como uma comunidade de fé fruto expresso de sua deliberada vontade. O peito de Cristo, rasgado pela lança, é a fonte histórica da Igreja. Ao nascer do peito de Cristo, a Igreja é apresentada como expressão da absoluta misericórdia de Deus e sabemos todos que ela tem a tarefa de personificar a clemência divina. Sangue e água dali jorraram revelando a sua grande riqueza: os sacramentos. Toda ação litúrgica da Igreja é uma realidade sacramental repleta de misericórdia. Todo sacramento manifesta a grandiosidade da bondade divina e aqui reside a sustentabilidade da revelação da Igreja como serva e discípula. Sua veste mais importante e principal é a pobreza evangélica e sua maior e mais valiosa propriedade, são os pobres. Nas diferentes dificuldades e desafios da minha vida, gosto de me pôr na chaga do peito de Cristo e assim sentir (de muito perto) o pulsar do seu coração manso e humilde. O pulsar do seu coração, rico em misericórdia, me remete ao interior da vivência existencial para prosseguir. O coração de Cristo bomba a graça e é de fato uma excelente experiência de fé. Assim a Igreja precisa sempre mais viver: dentro do peito de Cristo (de onde saiu) para pulsar com vigor no meio da sociedade humana. A única coisa que a Igreja tem para oferecer ao mundo e a história é: Jesus, o Cristo de Deus. Por isso toda ação pastoral tem de passar pela vivência sacramental, senão é nada. A Igreja é fruto da emoção de Cristo e Ele quis que ela pela sua presença no meio do mundo, seja uma excelente expressão do infinito amor de Deus. A Igreja é obra de Deus a serviço da humanidade e sua maior missão é servir.
O novo Éden
O seio imaculado da Virgem Maria foi transformado no novo Jardim do Éden. Ali o novo homem foi concebido e a semente do mal não teve nenhuma possibilidade de aparecer. O homem que está ali é o próprio Deus, imaculado e com a tarefa de tudo restaurar plenamente. Nesse novo Jardim do Éden, o Cristo de Deus iniciou historicamente a mais absoluta celebração litúrgica: a plena e definitiva redenção. Deus se pôs no ventre da Virgem Maria para chegar ao ventre da humanidade e assim estabelecer a nova e definitiva criação e do ventre da humanidade Ele foi ao ventre da história.
A Virgem Maria é o solo fértil que não produzirá a fruta do pecado e nem terá a presença da serpente. Pela graça divina a humanidade toda será na conclusão da história como a Virgem Maria. Originalmente tudo era imaculado e em Cristo tudo está a caminho da imaculação. Nesse novo jardim do Éden, a cruz é a árvore da vida e o seu fruto sustenta a dignidade da existência humana. Ao meditar tudo no seu coração, silenciosamente, a Virgem Maria zombava da serpente(mistério da iniquidade) e dizia: como nova Eva proclamarei que o Senhor Deus fez em mim maravilhas e as fará em toda criação. No ventre da Virgem Maria aconteceu o mais intenso diálogo entre a graça e a liberdade, como resultado a liberdade aceitou ser verdadeiramente livre em Cristo Senhor. Daqui podemos ir ao jardim da ressurreição e ouvir do anjo outra vez: não procurem entre os mortos Aquele está vivo. Em Cristo a vida, vive. No novo Jardim do Éden (o ventre da Virgem Maria) a cruz é a árvore do bem, seu fruto é a graça.
A crise
A sociedade ocidental no seu todo está mergulhada numa profunda crise. Tal situação atinge os mais diferentes sentidos e aspectos da realidade histórica. Na minha opinião de catequista de roça, duas são as causas fundantes, a saber:1 perdeu-se a raiz cristã e daí sua identidade ficou sem sustentação, está a deriva das opiniões de ontem. 2 a mulher renunciou a beleza da maternidade e passou a ser apenas alguém no campo da competição. Sua vinculação com o mercado substituiu sua originalidade vital, virou mais um anônimo. Assim,os fundamentos basilares do ocidente foram substituídos pela mentalidade consumista do mundo grávido do mercado. Sem a serena e lúcida consciência histórica o ocidente se auto reduziu a um mero laboratório de experimentos da extravagância humana. Ao renunciar o seu bonito e rico passado cristão, o mundo ocidental perdeu não só a identidade mas também o monumental futuro. Exemplo: o que dá garantia a uma grande árvore não é a grossura do tronco e sim a profundidade das raízes. Renunciando suas raízes cristãs, o ocidente perdeu a sua referência em relação ao futuro.
Assim também com a mulher, é na maternidade existencial que ela (a mulher) encontra o sentido absoluto da vida. Aqui sobressai a necessidade da família como fonte e ninho da sobrevivência da própria espécie. O família, realidade em todas as diferentes culturas,no mundo ocidental está exposta a não identidade. Só existe família entre um homem e uma mulher, o mais são expressões que tramam o fim da espécie. Sem nenhum preconceito,mas com consciência cristã quero dizer que:a sobrevivência da própria espécie humana não depende do homem sozinho e nem da mulher sozinha e sim do casal. Tudo na natureza tem alguma sexualidade e é no oposto da convivência (macho e fêmea) que a vida sobrevive. Quando a mulher, por excelência amparadora da vida renuncia a dignidade materna sobra ao homem o vazio. A grande crise do ocidente só será superada quando houver a retomada de suas raízes cristãs e o reposicionamento da mulher como realidade sagrada para o desenvolvimento natural da reprodução humana no mais digno significado.
A arte de amar
Toda pessoa, seja ela qual for e esteja onde estiver é sempre um sinal da bondade divina. A graça sacramental age no concreto da história e se ajeita de tal modo a não causar qualquer sensação de domínio. A presença dela significa uma grande expressão da liberdade. Toda ação da graça é um gesto de carinho da parte de Deus. A pessoa humana é o destino último da graça e ali ela se sente em casa. A clemência divina nos conquista pela humildade, a Trindade Santa chega a ficar ajoelhada diante do pecador para fazê-lo santo. A presença da graça em nós, não impede o pecado, sabemos que a liberdade continua livre,no entanto sua carícia nos seduz impedindo assim a obra do maligno.
O respeito pela pessoa humana é uma excelente expressão do nosso zelo pelo bem. A dignidade humana é intocável e nada pode ultrapassar o limite da sadia convivência. Deveríamos ter a ousadia de fazer uma especial reverência a toda e qualquer pessoa. A pessoa humana real é uma expressão da graça divina e pela graça sacramental do batismo, ela (a pessoa humana) ganha de Deus uma especial significação. A celebração sacramental do batismo deveria ser uma grande festa da comunidade de fé, justamente porque aí a Trindade Santa adquire um novo endereço: a pessoa humana. Qualquer violência contra a pessoa é uma ofensa cruel ao próprio Deus e se esta pessoa for um pequenino, aí é o ultrapassar o limite mais intenso da divindade. Quando vítima de alguma injustiça qualquer, a boca do pobre fica sendo a boca de Deus.
A graça age também na realidade material para fazê-la ser o escudo das vítimas frágeis diante da violência que promove a injustiça. Certos acontecimentos da fluência histórica, são expressões da direta interferência divina em defesa daqueles que só possuem a esperança de esperar. Quando manifesta o sentimento divino, a palavra dos pequeninos muda a história.Isso é obra da graça atuando no plano puramente humano. Ninguém pode tirar a escatologia da história e nem deixar acontecer uma história sem escatologia. Existem milagres históricos e isso é fruto da ação divina para dar um novo jeito nas relações humanas. Em Cristo, a Trindade Santa decidiu:a criação é minha e o homem é o meu parceiro na arte de amar. Só o homem ama porque aprendeu de Deus e é no ato de amar,que ele(o homem)se diviniza. Quem ama é divino.
A missão do profeta
A grande missão do profeta não é prever o futuro e sim convocar a comunidade para voltar a fidelidade. Como profundo conhecedor da realidade histórica, ele sabe de duas verdades vitais, a saber: a história é lógica e sequencial. Não existe improviso na história. A infidelidade da comunidade gera o infelicidade da mesma (o sofrimento), portanto a superação está na volta aos bons hábitos abandonados. O profeta sabe que se não houver a conversão querida por Deus, a infidelidade levará ao caos. A gente acha pela frente o que jogou para traz, assim sendo o profeta fala com firmeza justamente porque no vigor de sua palavra reside o futuro da comunidade.
Na vivência pessoal,o profeta tem a segurança da fé, acontece que espiritualmente ele (o profeta) é um homem enlouquecido pela santidade, isso o incomoda muito.O profeta sente como sua a dureza dos corações fechados e por isso a sua fala é dura no sentido de favorecer a reflexão do ouvinte. Alguns acordam com o barulho do pernilongo, outros nem com o despertador. O conteúdo do seu anúncio e a clemência divina. Maldito o padre que rejeita a profecia, será cúmplice da tragédia. Em todas as diferentes comunidades existem situações que carecem do profetismo do pastor, a omissão nunca tem justificativa e na vivência existencial do ministério sacerdotal, o medo é expressão de covardia.
O padre ou qualquer ministro ordenado que não quiser assumir a profecia, deveria ter a coragem de deixar o ministério, no presbitério não tem lugar nem para os medrosos e nem para os traidores. A profecia faz parte da essência do sacerdócio ministerial católico, ser profeta por radical fidelidade ao chamado divino e jamais na busca de qualquer outra realidade. A falta de VIDAS proféticas maculam a celebração sacramental da liturgia em qualquer situação. Sem vivência profética não existe nenhuma possibilidade de santidade. Profetismo não é ficar falando e ou denunciando com palavras, mas é o mais digno testemunho de vida com naturalidade.Vivam e se for preciso, então falem. Radical.
O dom da profecia
O profeta bíblico é um homem enlouquecido de Deus. Escolhido desde sempre realiza sua tarefa com absoluta fidelidade. Possui uma profunda consciência de Deus e ao mesmo tempo tem uma grande lucidez histórica. Não fala por encomenda e nem por interesse pessoal, não é um profissional e sim um chamado ao serviço da fidelidade ao único e eterno Deus. Custa-lhe muito ser profeta, no entanto não consegue conviver com a omissão. Sua firmeza incomoda e sua coragem assusta aqueles aos quais foi enviado. Não deseja condenar ninguém, mas seu vigor age como forte chamado a conversão.
O verdadeiro profeta é imprevisível e sua palavra nunca erra o alvo, direcionada por Deus atinge o objetivo. A perseguição ao profeta é sinal evidente de sua fidelidade. Denunciar o pecado e propor a conversão, seu agir penetra os corações e quando esses são duros, rega-os com as próprias lágrimas. A sagrada escritura mostra bonitos exemplos, a saber: a dureza de Elias salvou Acab; a firmeza de Natan resgatou Davi e a franqueza de Amos desmentiu a perverso Amasias. Nunca um profeta morreu velho, ou doente ou ainda de morte natural. Todos foram sacrificados mas fiéis. Faltam bastante no nosso tempo as vozes proféticas, acontecem muitas pregações bonitas mas vazias. A falsa prudência atrapalha muito e a omissão vai ficando normal. Que pena.
A Igreja é por natureza missionária e em função da missão tem de ser realmente profética. Igreja sem profecia é omissa. Ser profeta não é opção e sim vocação, dom especial de Deus. Faltando a saudável profecia, falta também a digna fidelidade. Na profecia reside a fidelidade da Igreja.
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