No Novo Testamento, José, nome que significa “Deus multiplica”, é o esposo da jovem virgem Maria (Lc 1,26-27). Ele é citado 14 vezes nos evangelhos de Mateus, Lucas e João (Mt 1,16.18.19.20.24; 2,13.19; Lc 1,27; 2,4.16; 3,23; 4,22; Jo 1,45; 6,42. Acrescenta-se as variantes textuais: Mt 1,16; Lc 2,23.43). Segundo Mateus, José era filho de Jacó (Mt 1,16) e carpinteiro de profissão (Mt 13,55). Para Lucas ele era filho de Heli (Lc 3,23).
Os evangelhos nos contam que José, era de Belém (Lc 2,4), descendente da casa de Davi (Mt 1,20; Lc 1,27; 2,4), e nada informam sobre o seu nascimento e a sua morte. José obedeceu a Deus que em sonho lhe pediu de receber Maria como sua esposa grávida por obra do Espírito Santo. Ele acolheu o menino a quem colocou o nome de Jesus conforme a indicação divina. Também assumiu a responsabilidade paterna da família (Mt 1,18-25).
José, indo para Belém, sua cidade, para registrar-se cumprindo a ordem do imperador César Augusto, que ordenou um recenseamento quando Quirino governava a Síria (Lc 2,1-5), assistiu Maria no parto do menino e ficou com sua família na cidade de Davi por um certo tempo (Lc 2,16). De Belém, foi impelido a fugir para o Egito com a sua família, para uma localidade que não sabemos precisar, escapando da violência de Herodes que ordenou a morte de todos os meninos abaixo de dois anos (Mt 2,13-18). Avisado novamente em sonho, José retornou do Egito com a sua família após a morte de Herodes. Voltando do Egito, fazendo um caminho que nos recorda o êxodo do povo de Deus, ele foi estabelecer-se com a família na Galileia, na pequena Nazaré (Mt 2,22-23).
De acordo com Lucas, José vivia em Nazaré onde Maria recebeu o anuncio do anjo sobre a sua maternidade virginal e deu o seu “sim” ao Senhor (Lc 1,26-38). Logo depois, Lucas narra a viagem apressada de Maria à sua parenta Isabel que também estava grávida. Após o nascimento de João Batista, Lucas apresenta o nascimento de Jesus em Belém. Mateus concorda com Lucas e também afirma que Jesus nasceu em Belém, onde recebeu a visita dos Magos do oriente (Mt 2,1-12).
Nos evangelhos a figura de José é apresentada de maneira “essencial e limitada”. Ele é modelo de respeito à lei de Moisés e às tradições do seu povo como a imposição do nome ao menino, a circuncisão da criança, a purificação da mãe, a apresentação ao templo e a peregrinação anual a Jerusalém (Lc 2). Nota-se também que a família de José era socialmente modesta, mas não miserável (Lc 2,22-24).
A figura de José é muito presente nos textos apócrifos que procuram satisfazer as curiosidades e desenvolver o personagem de maneira irreverente e, às vezes, até cômica. Destacam-se: o Proto-evangelho de Tiago (escrito por volta do ano 150), o Evangelho do Pseudo-Mateus também chamado pelo nome de Evangelho da Infância segundo Mateus ou Livro sobre a Origem da Bem-aventurada Maria e da infância do Salvador (Séc. VIII) e o Evangelho Pseudo-Tomé do segundo século.
Pe. Gilson Luiz Maia, RCI
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