Ao escolher o nome de Leão XIV, o Cardeal americano Robert Francis Prevost (Chicago, 14 de setembro de 1955), que foi Prior geral da Ordem de Santo Agostinho (2001-2013), missionário e Bispo de Chiclayo, no Peru (2014-2023), despertou no meio do Povo de Deus uma pergunta: por que o Papa adotou o nome Leão XIV. É claro que o nome e o número remete ao pontificado do italiano Leão XIII, que foi Papa de 1878 a 1903, período no qual Pe. Aníbal Maria fundou as Congregações das Filhas do Divino Zelo e dos Rogacionistas do Coração de Jesus. O Pontificado de Leão XIII foi marcado pela crítica construtiva à revolução industrial e a publicação da Encíclica sobre o trabalho humano e as condições e direitos dos trabalhadores – Rerum novarum (1891). Recorda-se ainda o Papa Leão Magno (440-461), doutor da Igreja. O nome Leão também traz à mente um companheiro muito próximo a São Francisco. Frei Leão foi um culto sacerdote e confessor do Pobrezinho de Assis. Neste caso o nome Leão aparece em continuidade com o Papa Francisco.

Leão XIV é Papa da Igreja, a barca de Pedro conduzida pelo Espírito Santo de Deus. Ao Papa nossa oração e sustento. Amém.

            O leão, animal em risco de extinção, é citado mais de cem vezes na Bíblia. A primeira e uma das mais significativas encontra-se no livro do Gênesis, quando Jacó fala do futuro das tribos de seus filhos assinalando o poder e a realeza: Judá, filhote de leão! Da presa, meu filho, subsiste… (Gn 49, 9-10) A expressão Leão de Judá indica o Messias, o ungido que em nome de Deus unificaria todas as nações. A imagem do Leão assinala o poder, a majestade potente. No trono de Salomão, feito de marfim revestido de ouro fino, havia seis degraus com a figura de leões decorando as doze pontas para enfatizar a sua força e sabedoria. Nos braços do trono também havia outros dois leões (1Re 10, 18-20).

No livro dos Provérbios o leão sinaliza ora realidades positivas, ora negativas. A imagem do leão indica a ira de um rei enfurecido, ou simboliza as forças destruidoras do mal ou ainda a coragem dos justos (Pr 19, 12; 28, 1; 30, 30). Em Daniel, temos a conhecida cena na cova dos leões (Dn 6, 22) e, no livro dos Salmos, em contextos diversos a figura do leão é mencionada repetidas vezes (Sl 17, 12; 34, 10; 91, 12-15; 104, 21). No Apocalipse a palavra de Deus é comparada ao potente rugido do animal que aponta também para a realeza de Cristo (Ap 5, 5; 10, 3).

De todas as passagens bíblicas que cita animais, a que mais encanta é a do profeta Isaías: O lobo, então, será hóspede do cordeiro, o leopardo vai se deitar ao lado do cabrito, o bezerro e o leãozinho pastam juntos, uma criança pequena toca os dois, a ursa e a vaca estarão pastando, suas crias deitadas lado a lado; o leão, assim como o boi, comerá capim (Is 11, 6-7). O profeta vê a palavra de Deus que se manifesta no dom da paz e da fraternidade universal. É a raiz de Jessé, pai de Davi, um rebento do tronco que brota para frutificar na felicidade messiânica para a alegria do povo eleito.

O evangelho de Marcos é representado pelo Leão, que assinala o “rugido” de João Batista no deserto (Mc 1, 1-11). O livro de Mateus é simbolizado por um homem que nos recorda a genealogia de Jesus (Mt 1, 1-17). Um touro é o símbolo do evangelho de Lucas para recordar os sacrifícios no templo (Lc 1, 5-25). O quarto evangelho, que a tradição atribui a João, considerado o “evangelho espiritual”, tem como símbolo uma águia.