Isaías, nome que significa Deus é a salvação, é considerado o maior profeta do Antigo Testamento com uma avançada reflexão teológica. Ele é o profeta mais citado no Novo Testamento e na liturgia da Igreja. Seu nome e seus textos ganham especial relevância no tempo do advento e da quaresma. Basta recordar o tema do nascimento do Messias filho de uma jovem virgem de Israel (Is 17,14) e do Servo sofredor (Is 42,1-4).
O profeta Isaías é considerado o mais “cristão” dentre todos os profetas da Sagrada Escritura. No Batismo Jesus é reconhecido como o profeta suscitado pelo Espírito conforme anunciou Isaías (Is 42,1; Mt 3,17) e na sinagoga de Nazaré ele recebe e lê o rolo do profeta (Is 61,1ss ; Lc 4,16ss). Isaías é o profeta que cultiva a esperança e anuncia a boa notícia – evangelho – ao povo de Deus (cf. Is 40,9). Ele nos convida a esperar contra toda esperança e nos ensina a ver a luz no meio das trevas: “O povo que andava nas trevas viu uma grande luz; para os que habitavam as sobras da morte, uma luz resplandeceu” (Is 9,1).
Se o profeta Jeremias começa a sua obra dizendo “Palavra de Jeremias” (Jr 1,1), por sua vez Isaías diz ser um “homem de visão” (Is 1,1), que embora não tenha experimentado todas as aventuras narrada no conjunto dos 66 capítulos de seu livro com 1.273 versículos, nos chama a perseverar na esperança e caminhar com fé. De fato, o capítulo 40 de Isaías nos introduz em um contexto posterior ao seu tempo histórico (740 a 701 a.C.). Assim se compreende como na segunda parte do livro, também conhecida como deutero-Isaías (capítulos de 40 a 55), vemos Ciro, o rei da Pérsia que desafiou o grande império de Babilônia e permitiu os hebreus retornarem à pátria por volta do ano 538 a. C. (cf. 44,28; 45,1; 2Cr 36,22s; Esd 1,1-3). Considera-se ainda a terceira parte do livro de Isaías ou trito-Isaías que é sucessiva ao período pós-exílio (capítulos de 56 a 66). Desta maneira, o livro de Isaías na sua primeira parte (capítulos de 1-39) coincide com o período histórico do profeta. Mas a segunda e a terceira parte é uma extensão e atualização de discípulos ou escribas posteriores ao seu tempo.
Isaías nos convida ao discernimento e apresenta uma reflexão profunda sobre o mistério da pessoa humana e de Deus. O profeta nos convoca a observar a aliança e exorta o povo a abandonar todas as alternativas distantes de Deus, o Rei justo e Santo. Repetidas vezes e de diferentes maneiras Isaías nos recorda que Deus é nosso aliado e ao povo cabe um caminho de purificação/conversão e vida (Cf. Is 6,1-8). Atento à aliança com Deus, Israel manifesta sua identidade de nação santa, povo eleito e instrumento de salvação (cf. Is 2,1-5). Com Isaías aprendemos a resistir na esperança e seguir com fé em Deus que não abandona o seu povo peregrino e fiel.
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