Somos a Família Carismática do Rogate entorno ao altar desta bela comunidade de Santa Rita, Paróquia Nossa Senhora das Graças, Pinheirinho, Criciúma, para celebrar a Solenidade do Batismo do Senhor (Mt 3,13-17), quando nossas irmãs – Joseane e Maria (primeiros votos), Isabel (renovação dos votos) / Ana e Lenir (votos perpétuos) – na fé e no carisma, fazem a sua profissão – consagração ao Senhor – na presença da delegada das Missionárias Rogacionistas, Diane, que representa o Conselho Geral: Filomena, Stefania e Beatriz.

 

Nesta celebração, “I Domingo do Tempo Ordinário / comum,” depois do tempo forte do Advento e do Natal do Senhor, a liturgia nos leva às margens do rio Jordão, onde vemos o profeta, João Batista, realizar um batismo de conversão e penitência. Inesperadamente, também Jesus vem ao encontro de João para ser batizado (Na Festa do Batismo do Senhor queremos recordar, rezar e agradecer por nossos padrinhos de batismos e pelo dom da fé).

 

O saudoso Papa, São João Paulo II, ao instituir os mistérios luminosos do Terço, coloca o Batismo do Senhor como um dos mistérios para contemplarmos quando recitamos o Rosário. Realmente precisamos aprofundar o tema do Batismo do Senhor, inauguração do ministério messiânico de Jesus. Trata-se do começo de sua vida pública segundo os evangelhos sinóticos, fato ausente no evangelho de João. Sabemos que os sinóticos começavam com a cena do Batismo do Senhor, mas posteriormente Mateus e Lucas agregaram o denominado “evangelho da infância” (Mt 1-2; Lc 1-2).

 

Podemos afirmar que o Batismo do Senhor é uma nova epifania, uma segunda manifestação, revelação que Deus faz de si ao seu povo. Se a visita dos “magos do oriente” foi a primeira epifania (Mt 2,1-12), o Batismo é uma nova epifania não na cidade de Belém, na casa e aos olhos da Sagrada Família e dos magos do oriente, lugar da primeira manifestação, mas na beira do Jordão e diante de todos que acorriam a João.

 

O rio Jordão é citado 179 vezes na Bíblia e não tem uma importância econômica para a região como é o rio Nilo, dádiva para o Egito. Nas margens do Jordão nunca existiu uma grande cidade. Trata-se de uma importância de demarcação, de fronteira. Ele separa a terra pagã da terra da liberdade.

 

João Batista pregava um batismo de conversão e penitência e batizava todos que se aproximavam. Normalmente se batizava os pagãos, os não judeus que participavam de um rito de imersão. E das águas saía uma pessoa nova, purificada, convertida. No caso dos homens faziam também a circuncisão… Mas João Batista batizava os judeus. Para ele os judeus, os filhos de Abraão estavam na escravidão do pecado e precisavam da imersão… Converter-se para acolher o Reino. Voltar à terra pagã, fazer um novo êxodo, passar de novo pelo rio Jordão e receber o batismo. É o batismo do Precursor (sinóticos / no quarto evangelho ´João é “testemunha da luz”), um rito de iniciação à comunidade messiânica, quem o aceitava, renunciava ao pecado, convertia-se a uma vida nova e passava a integrar a comunidade do Messias.

 

João, com energia profética, atacava os fariseus e saduceus que vieram de Jerusalém para “investigá-lo” e não queriam ser batizados por se considerarem puros… João dirá: “raça de víboras, quem vos ensinou a fugir da ira que está para chegar? /…/ Não penseis que basta dizer: nosso pai é Abraão, pois eu vos digo: destas pedras Deus pode suscitar filhos para Abraão.” (Mt 3,7-10) O Profeta critica os saduceus e fariseus que se consideram “eleitos”, “preparados”, “puros” para acolher a chegada do Messias.

 

Jesus vai a João para receber o batismo. Isto é estranho, pois ninguém esperava, nem mesmo o Profeta, que o Messias participasse de um rito de conversão. João, desde a sua concepção de Messias, tenta negar o batismo a Jesus – “Eu é que preciso ser batizado por ti, e tu vens a mim?” (Mt 3,14) Para ele Jesus não precisa ser batizado, não deve “mergulhar” no Jordão, pois não é um pecador. O Justo e Santo, não poderia participar de um rito próprio para os pecadores. Segundo João Batista, o Messias não pode estar com os pecadores, os publicanos… participar de um rito de conversão para os impuros. Recorda-se que Pedro também tentou impedir Jesus por não compreender o seu jeito messiânico (cf. Mc 8,33).

 

Jesus diz a João: “Por ora, deixa, é assim que devemos cumprir toda a justiça! E João deixou.” (Mt 3,15) O Batista precisa entender que Jesus é o Emanuel – Deus conosco. Ele faz um novo êxodo conosco (cf. Mt 1,23). É a presença de Deus no meio de Israel, junto ao seu povo. “Justiça” é o critério de Deus. Cristo que desceu à condição do homem.

 

No momento do Batismo temos três imagens carregadas de significado:

  1. “O céu se abriu” – para ficar aberto para sempre. Observa-se que o céu estava fechado por causa do pecado do povo infiel que não escutava os profetas. Deus silenciou.
  2. O Espírito – a vida divina em plenitude que desceu como uma pomba e pousou sobre ele. A pomba de Noé – harmonia entre o céu e a terra, a paz (cf. Gn 8,8-12). A pomba é terna, o Espírito: a ternura de Deus. Nota-se que a pomba sempre volta ao seu ninho. Jesus é o “ninho” do Espírito Santo de Deus. O Espírito que pousa, consagra Jesus e unge o Rei (cf. Lc 4,18-19).
  3. A voz do céu – revela a identidade de Jesus – “Este é o meu Filho amado”. O Filho assemelha-se ao Pai. Jesus revela o Pai. O Filho amado, como Isaac, filho amado de Abraão. Nas águas do Jordão, Jesus, o “Filho amado” é investido como o Messias, “o servo do Senhor”. Observa-se que na linguagem bíblica “servo” significa: ministro ou representante.

 

Queridas Missionárias Rogacionistas, “sal da terra e luz do mundo”, pedras vivas da Igreja e da Família Carismática do Rogate. Com vocês e todo o povo de Deus vivemos o Batismo mediante o qual fomos “mergulhados” na comunidade de fé. Juntos acolhemos o dom do Rogate, carisma de Santo Aníbal Maria, modelo de operário na messe de Deus. A vossa consagração nos anima, alegra o coração, motiva todos a vivenciar com intensidade a fé recebida no Batismo. Continuem… Sigam… Testemunhar e anunciar Jesus Cristo, o Senhor da messe, atentas a animação vocacional e a formação é a missão de todos desde a vivência de nossa vocação específica.

 

O “céu se abriu”, “o Espírito pousou” e somos seguidores e seguidoras do “Filho amado”. Deus nos abençoe. Maria, Mãe da rogação evangélica, nos acompanhe e interceda por cada um de nós e por todos os batizados. Viva a Família Carismática do Rogate. Viva Santo Aníbal, pai dos pobres e apóstolo da oração pelas vocações. Amém.

Criciúma, 11 de janeiro de 2020.