Às vésperas do dia de São Francisco, sobre o túmulo do santo de Assis, o Papa assinou a sua nova Encíclica que aborda o tema da fraternidade e da amizade social. O documento traz como título uma expressão franciscana: Fratelli tutti Todos irmãos (03/10/2020). Aliás, a Encíclica anterior que nos chamou a atenção para o cuidado da casa comum, Laudato Si – Louvado sejas (24/05/2015), também trouxe a digital do pobrezinho de Assis. Ambas Encíclicas estão na linha da Lumen Fidei – A Luz da Fé (29/06/2013), primeira deste pontificado e juntas enriquecem a coleção das 229 Encíclicas papais publicadas ao longo da história. Nestes três documentos Pontifícios – que integram o Magistério – percebemos o perfil e os traços eclesiais deste Papa jesuíta de coração franciscano. Soma-se às cinco exortações apostólicas de Francisco[1].

 

«Escrevia São Francisco de Assis, dirigindo-se a seus irmãos e irmãs para lhes propor uma forma de vida com sabor de Evangelho. Destes conselhos, quero destacar o convite a um amor que ultrapassa as barreiras da geografia e do espaço; nele declara feliz quem ama o outro, o seu irmão, tanto quando está longe, como quando está junto de si» (n. 1).

 

A partir do estrado da comunidade paroquial, ambiente no qual somos chamados a testemunhar e anunciar o Rogate, carisma e espiritualidade que anima nossa ação evangelizadora, nos aproximamos desta terceira Encíclica de Francisco[2]. Fratelli tutti confirma a opção do Papa por uma Igreja aberta e disposta a «sair de si mesma» pelas estradas da missão com especial atenção àqueles que foram deixados «à margem do caminho» para restituir-lhes a dignidade humana (n. 64). Do horizonte da comunidade paroquial, ambiente do anúncio do «Evangelho da vocação», acolhemos o apelo de Francisco com sua linguagem cimentada no amor universal. O Papa aponta para um «novo jeito de ser Igreja» nestes tempos que desafiam a esperança e reclama um testemunho cristalino de nossa adesão ao Evangelho (nn. 106, 278)[3]. Da plataforma de nossas comunidades paroquiais, lugar onde exprimimos nossa identidade carismática, perguntamos[4]:

 

  • Qual o impacto da Fratelli tutti na realidade das paróquias e na ação pastoral que desenvolvemos junto ao povo de Deus?
  • Os modelos e as atuais estruturas que dispomos respondem aos desafios da atualidade ou necessitamos de repensar as formas para colaborar na construção de uma comunidade paroquial profética e servidora desde a perspectiva do Rogate?
  • Estamos realmente dispostos às rupturas e riscos para tocar a «carne de Cristo» mediante ações sociais evangelizadoras na periferia das paróquias à luz dos documentos da Igreja e de nossa família religiosa?
  • Como «aterrissar» a Fratelli tutti na rede das paróquias rogacionistas e na rede das pequenas comunidades orgânicas e missionárias no território paroquial?

 

A Encíclica critica a ideologia neoliberal e a idolatria do mercado com as políticas de isolamento e as edificações de «muros» de todos os tipos. Ela nos chama à esperança e ao compromisso de resgatar aquilo que é essencial: o amor a Deus e ao próximo, ilustrado pelo «ícone iluminante» da parábola do bom samaritano (n. 67)[5]. Soma-se a tal realidade, o testemunho de nosso Fundador no serviço e atendimento dos pobres e o compromisso missionário da Congregação sintetizado nos ícones da inspiração do Rogate e no encontro com o pobre Zancone[6].

 

O Papa Francisco, a partir de uma teologia crítica, nos propõe a caridade política e social em vista da superação da mentalidade individualista (n. 182). Neste contexto, somos chamados a verificar a ação social das paróquias na busca de uma afinada sintonia com a Doutrina Social da Igreja, cujo início nos remete aos agitados tempos de Pe. Aníbal Maria, quando foi publicada a Encíclica Rerum Novarum, do Papa Leão XIII (15/05/1891)[7]. Neste documento que introduz a Doutrina Social, vemos a preocupação de Leão XIII com os trabalhadores e sua crítica severa ao socialismo e ao capitalismo, chamando a atenção para temas como: a distribuição de riqueza, a intervenção do Estado na economia e os princípios éticos esquecidos pela sociedade que caminhava em pleno vapor após a revolução industrial[8].

 

A Pastoral paroquial Rogacionista à luz da Doutrina Social da Igreja

É interessante observar a evolução da Doutrina Social da Igreja e sua preocupação em nos ajudar a responder os desafios do tempo presente. Trata-se da sensibilidade eclesial e do seu olhar de compaixão diante da realidade da «messe do Senhor» (cf. Mt 9,36). Se Paulo VI nos desafiava a construir a «civilização do amor», o Papa Francisco nos apresenta a «cultura do encontro» e recorda o samba e a poesia de Vinícius de Moraes: «A vida é a arte do encontro, embora haja tanto desencontro na vida» (n. 215). A intenção do Papa é nos ajudar a superar a superficialidade das relações, combater a indiferença e buscar um encontro verdadeiro com o outro e acreditar nele[9]. Portanto, é indispensável a real abertura de canais de diálogo para entender o outro nas suas expectativas e testemunhar a nossa fé e adesão ao Evangelho (cf. Jo 13,35).

 

O diálogo humilde e sincero não significa uma ruptura com a tradição, renunciar ao «próprio tesouro» e aos nossos ideais, mas é sinal de profunda convicção da necessidade de construir a partir da diversidade e na certeza de que todos tem algo bom para dizer e enriquecer nossas propostas, superando «as dialéticas» e «integrando as realidades» (nn. 143, 215-217).

 

No Batismo somos todos irmãos e a comunidade paroquial é compreendida como uma grande família, lugar da fraternidade, da celebração da fé, da ajuda solidária e na comunhão da Igreja chamada a testemunhar no meio do mundo sua opção por Jesus Cristo. Distanciemo-nos de qualquer espiritualismo alienado e vamos buscar a vivência cristalina da fé, que nos empurra às periferias e fronteiras seguindo as trilhas do Fundador, quando optou por começar sua ação pastoral junto aos pobres de Avinhão na periferia de Messina.

 

A nova Encíclica do Papa Francisco, apresentada neste doloroso tempo de pandemia, quando as pessoas buscam na paróquia o apoio e a necessária força para enfrentar graves problemas e desafios, certamente aquecerá o coração dos párocos e demais lideranças e abrirá horizontes de esperança para toda a comunidade paroquial, em especial para as pastorais sociais presentes no território. Se a Laudato Si chamava a atenção para as questões globais do meio ambiente e o cuidado da casa comum, Fratelli tutti nos convoca ao compromisso solidário com os irmãos e nos convida a voltar aos valores essenciais da fé, capazes de iluminar as relações sociais e econômicas marcadas pela gratuidade (n. 152).

 

O novo documento de Francisco nos motiva a trabalhar nas comunidades junto ao povo de Deus, sensível tanto aos temas do cuidado da casa comum como aos temas sociais, em vista da construção de uma sociedade fraterna, iluminada pelo testemunho dos filhos e filhas espirituais de Santo Aníbal Maria. Neste contexto, recordamos a importância de incrementar e estreitar as relações com o Laicato Rogacionista e promover as diversas associações da Família Carismática do Rogate. Os cristãos leigos contam com o acompanhamento e colaboração dos Rogacionistas, especialmente no campo da formação, e permanecem abertos para ajudar na missão evangelizadora e sempre vocacional[10].

 

O Papa nos convida a aproximarmos do outro com respeito ao seu pensamento e a sua fé e a ele dar testemunho de nossa adesão ao Evangelho. Torna-se necessário superar o «dogmatismo» e acolher o diferente na gratuidade, no amor e fidelidade à pessoa de Jesus. Deste modo, seremos sinais de esperança diante da situação de ódio e desrespeito crescente dos pobres que vivem nas periferias da comunidade paroquial. Trata-se de cultivar uma autêntica amizade social com os empobrecidos a exemplo do santo Fundador na sua época e contexto social (nn. 98.180).

 

Fratelli tutti na vida da paróquia

Pode-se questionar até que ponto um Documento Pontifício pode tocar a realidade paroquial, verificar a incidência destas reflexões na comunidade compreendida como «rede de pequenas comunidades», qual imagem do rebanho entorno dos seus pastores nas suas respectivas Igrejas particulares. Pergunta-se ainda, se tais documentos chegam e permeiam a terra fértil das paróquias em rede com as demais paróquias da Diocese, com seus grupos, movimentos e organizações pastorais, e que estratégias podemos elaborar para facilitar tal processo?[11]

 

Em um primeiro momento tem-se a impressão que as Encíclicas, como a maioria dos documentos da Igreja, ficam apenas nas altas órbitas da hierarquia sem maiores repercussões junto ao povo de Deus. Logo se percebe, que tais reflexões vem ao encontro da realidade das comunidades, que animadas pelos seus párocos e outras lideranças permanecem abertas para acolherem os documentos do Papa e fazê-los frutificar no chão da realidade paroquial.

 

Claro que precisamos definir estratégias e planos de ações para apresentar a Encíclica às comunidades que esperam pelas iniciativas dos seus pastores. Imagino alguns encontros organizados nas paróquias para ler, estudar e até rezar a Encíclica do Papa. Na criatividade do povo de Deus agraciado com tantos dons, certamente veremos a passagem do texto Pontifício para as páginas da vida da comunidade. Ali estão as famílias, pais, mães e filhos, crianças, jovens e idosos, que sentem na carne as consequências sociais e econômicas das politicas neoliberais marcadas pelo egoísmo e na contramão do Evangelho (n.11).

 

Ao aproximar Fratelli tutti da comunidade, o pároco e suas lideranças, além de testemunhar plena comunhão com a Igreja e o seu Pontífice, manifesta sua sensibilidade diante dos grandes problemas que afligem o povo de Deus. Evidentemente, um pároco alienado estará ocupado com os «discursos moralizantes» e os temas abordados pela Fratelli tutti não lhe despertará nenhum interesse. Nota-se ainda, que o pensamento de Francisco não é bem acolhido por parte do clero, uma vez que critica os que usufruem da função dada pela Igreja para o próprio beneficio. Recorda-se as contínuas observações do Papa sobre o clericalismo e o carreirismo eclesiástico[12].

 

O carisma, a criatividade e a popularidade do Papa com o seu jeito simples de falar facilita a acolhida da Encíclica pelas comunidades, especialmente das mais humildes, que reconhecem em Francisco um novo profeta «enviado de Deus», que está comprometido com os «Bem-aventurados do Reino» (cf. Mt 5,3). Francisco desperta na maioria dos católicos, inclusive nas pessoas de outras denominações religiosas, uma profunda admiração e respeito. Observa-se, por exemplo, os fiéis em segunda união conjugal ou as pessoas homo afetivas que se sentem incluídas na vida da Igreja, enquanto outros se afastam diante dos ataques constantes da mídia que dá amplo espaço aos escândalos que alcançam a hierarquia, arranham a sua credibilidade e balançam a «barca de Pedro».

 

Evidentemente há oposição e muitas reações dentro e fora da Igreja, dentro e fora da comunidade paroquial com os seus mais variados segmentos. Há resistência porque o seguimento de Jesus junto aos pequenos acaba por incomodar os setores conservadores. São pessoas ou grupos que não se rebelam nem se sentem incomodadas diante dos modelos que excluem e descartam os pobres como denunciava o Fundador, que nos deixou um testemunho de coragem e profecia[13].

 

De maneira geral, o povo reconhece a autoridade do Papa, sua autenticidade e coerência. No meio do clero, baixo ou alto, há resistência e nem todos estão abertos para acolher o «estilo franciscano» de um Pontífice que sonha com uma Igreja pobre para os pobres, lutando contra as desigualdades e as injustiças sociais e a superação de um modelo de «Igreja autorreferencial e narcisista»[14].

 

Fratelli tutti ilumina nossa ação pastoral neste sofrido tempo da pandemia do Covid – 19, quando vê-se agravar os conflitos sociais que interpelam a Igreja. Neste contexto, as dioceses e suas paróquias são chamadas a agir em nome de Deus e intervir com uma resposta misericordiosa do Senhor. Não podemos esquecer, que o serviço profético e transformador das comunidades eclesiais confiada aos Rogacionistas se dá a partir da compaixão à realidade dos campos de Deus, que nos recorda o olhar do Senhor diante das «multidões cansadas e abatidas como ovelhas que não têm pastor» (Mt 9,36). A este olhar atento, carregado de compaixão e misericórdia, acrescenta-se aquele de alegria e esperança frente aos campos já dourados para a colheita: a missão (cf. Jo 4,35).

 

A partir destes olhares que oscilam da compaixão diante das «multidões cansadas e abatidas» à alegria do ceifeiro da messe, recorda-se a importância do diálogo e da necessidade de um ver além de quem está próximo abrindo-se para novas fronteiras da comunidade paroquial e da Igreja diocesana movida pelo amor pelos que estão longe ou afastados. Nesta perspectiva de abertura rumo ao diferente, o Papa recorda, ainda no início da Encíclica, a visita de São Francisco ao Sultão Malik-al-Kamil, no Egito (n 3). O Papa também se lembra da visita ao Grande Imã Ahmad Al-Tayyeb, com quem se encontrou em Abu Dhabi (n.5)[15].

 

Nas linhas e entrelinhas da nova Encíclica identificamos alguns traços que podemos imprimir nas paróquias. O ponto de partida é o amor universal aos que estão próximos ou longe, sinal de contradição em meio à sociedade polarizada, realidade que também alcança a comunidade eclesial (n. 142). A prioridade é comunicar o amor de Deus ao mundo «surdo», que ainda resiste em acolher o amor do Pai que se abre para todos (nn. 4, 48)[16]. Neste caminho chegaremos a uma paróquia despojada e fraterna, que se movimenta com misericórdia e compaixão, atenta para manifestar a solidariedade e o amor a Deus e ao próximo. Esse amor se traduz em «amor social» e aprofunda o processo de nossa conversão (n. 114). Importa passarmos de uma pastoral de manutenção a uma ação missionária e transformadora da realidade.

 

O Papa nos convida a uma experiência verdadeira de fraternidade, a dialogar com as diferentes correntes dentro e fora da comunidade eclesial e a recuperarmos a memória histórica. Francisco convoca a todos, especialmente as novas gerações, a elaborar um projeto social a partir do chão da paróquia onde cada pessoa tem o seu espaço, valor e dignidade. A Encíclica nos convida à reflexão para que todos possamos ajudar na construção da fraternidade universal a partir de novas relações humanas e humanizadoras, de uma economia solidária, da superação de conflitos e polarizações no grande projeto de serviço à humanidade reconciliada (n. 277).

 

Conclusão

A nova Encíclica abre horizontes para a ação pastoral no seio das comunidades Rogacionistas que caminham em sintonia com o Papa Francisco. Vamos acolhê-la com esperança e o desejo de sonhar os mesmos sonhos do «pobrezinho de Assis», irmão do sol, da lua e de todas as criaturas. Queremos animar e acompanhar os grupos de jovens e as demais pastorais e organizações paroquiais na luta por uma sociedade justa e solidária. Nossos jovens e os agentes das pastorais não escondem a alegria e o entusiasmo ao estudar nos pequenos grupos reunidos nos salões das paróquias ou mesmo nos encontros online.

 

Fratelli tutti reflete temas que tocam a vida de nossos paroquianos, suas angústias e anseios diante das injustiças do mundo e suas ideologias de exclusão. A Encíclica aponta para a necessidade de nossa conversão pessoal, comunitária e até estrutural para nos aproximarmos do Evangelho e evitar repetir nos ambientes paroquiais os esquemas que nos afastam do projeto do Reino[17]. A Encíclica nos convida a:

 

  • Lutar contra o individualismo que «não nos torna mais livres, mais iguais, mais irmãos. A mera soma dos interesses individuais não é capaz de gerar um mundo melhor para toda a humanidade» (n. 104).
  • Construir desde as nossas comunidades paroquiais uma sociedade fraterna que promova a educação para o diálogo, nos ajude a derrotar o «vírus do individualismo radical» e a adotar estratégias pastorais que promovam e ajudem assegurar «terra, teto e trabalho para todos» (nn. 105.127).

 

A Encíclica é provocante, contextualizada, conflitiva e questionadora, mas também cheia de ternura e amor que transbordava no coração do santo de Assis. A Fratelli tutti nos convida a um novo e profundo «exame de consciência» para sentir o pulso de nossa solidariedade, do amor e serviço que oferecemos aos pobres que o fundador – desde a sua «opção preferencial pelos pobres» – costumava chamar de «marqueses, barões, príncipes e duques»[18].

 

O sonho de uma sociedade fraterna conforme aparece na Encíclica responde também às expectativas dos jovens que buscam um espaço para a esperança e a utopia compreendida como oportunidade de fazer alguma atividade concreta no interior de nossas comunidades[19]. Somos chamados a aproximarmos da juventude Rogacionista para juntos transformarmos sonhos em projetos de defesa da «casa comum», da promoção social e cuidado da vida. Fratelli tutti provoca uma pergunta que queremos partilhar, inclusive com os jovens, e buscar uma resposta concreta desde a plataforma da comunidade paroquial: «Quem é o meu próximo e de quem eu me faço próximo?» A resposta a tal provocação abrirá novos horizontes e contribuirá para colocar em prática o sonho de Francisco (nn. 80-81). Importa ajudar a todos, especialmente as novas gerações, a tomar consciência da própria dignidade e da dignidade de toda pessoa.

 

[1] As cinco Exortações Apostólicas de Francisco são: Evangelii gaudium (24/11/2013), Amoris laetitia (19/03/2016), Gaudete et exsultate (19/03/2018), Christus vivit (25/03/2019) e Querida Amazônia (02/02/2020).

[2] Segundo nossas Constituições, as Paróquias e Santuários são ambientes nos quais anunciamos o Rogate. Nas Normas encontramos indicações precisas que orientam o apostolado Rogacionista nas paróquias. Cf. Constituições, 69. Normas, art. 110-118.

[3] Cf. CONGREGAÇÃO DOS ROGACIONISTAS DO CORAÇÃO DE JESUS. A nossa identidade carismática nos desafios atuais, «Ao ver as multidões, encheu-se de compaixão e disse: Rogate». Documento conclusivo do 12º Capítulo Geral da Congregação. Escritos Rogacionistas 36. São Paulo, 2017, n. 20.

[4] O XII Capítulo Geral reconheceu as paróquias e santuários como lugar privilegiado para a difusão do Carisma e ambiente no qual somos chamados a manifestar nossa identidade e fisionomia. Cf. Escritos Rogacionistas 36. São Paulo, 2017, n. 101.

[5] Vale observar que a parábola do bom samaritano aparece logo após a perícope do Rogate em contexto de alta densidade missionária. Cf. Lc 10,25-37.

[6] Cf. Escritos Rogacionistas 36, n. 49.

[7] Veja o discurso de Pe. Aníbal por ocasião da morte de Leão XIII, ao qual o fundador se referiu como «esplêndido e luminoso astro que brilhou no céu límpido de Roma em tempo de reboliço social». Cf. ANTOLOGIA ROGACIONISTA. Escritos Rogacionistas 13. São Paulo, 1993, pp. 391-396.

[8] Costuma-se dizer que a Encíclica Rerum Novarum inaugurou a Doutrina Social da Igreja no seu sentido formal. Mas sabemos que a sua origem nos remete aos Santos Padres no início da caminhada do cristianismo.

[9] A expressão «civilização do amor» foi citada pela primeira vez por Paulo VI no dia 17 de maio, domingo de Pentecostes, de 1970 no Regina Caeli. João Paulo II usará a mesma expressão de Paulo VI. Mas o Papa Francisco avança e insiste na cultura do encontro e na necessidade de olhar a realidade desde o lugar dos pobres.

[10] Cf. Escritos Rogacionistas 36, n. 21.

[11] Cf. CONFERENCIA EPISCOPAL DOS BISPOS DO BRASIL. Comunidade de Comunidades: uma nova paróquia. Estudos da CNBB – 104. Brasília, 2013.

[12] Neste contexto recordamos as constantes observações do Papa Francisco atento à identidade e a missão da Igreja. O Papa critica o carreirismo e o clericalismo, a redução da instituição a uma simples entidade filantrópica e nos convida a misericórdia e a adorar o Deus vivo que nos dá o dom da paz e do seu Espírito. Cf. FRANCESCO. La luce della Parola, Il Vangelo di Giovanni letto dal Papa. Roma: Castelvecchi, 2020, pp. 171-176.

[13] Aos 30 de agosto de 1899, Pe. Aníbal escreveu uma corajosa carta aos diretores de jornais de Messina, denunciando a «caça aos pobres». Cf. ANNIBALE MARIA DI FRANCIA. Epistolario (1873-1900). Scritti, Vol. VII. Roma, 2016, pp. 462-466.

[14] Ainda nos primeiros dias de seu pontificado, o Papa Francisco manifestou o seu desejo de «uma Igreja pobre e para os pobres». Cf. FRANCESCO. Una Chiesa povera e per i poveri. Em: L’OSSERVATORE ROMANO, Ano CLIII, N. 64. 17 de março, Città del Vaticano, 2013, p. 7.

[15] O Papa cita cinco vezes o Grande Imã Ahmad Al-Tayyeb, como exemplo de abertura e diálogo com o diferente, com o amor que começa com o que está mais distante, pensa de maneira distinta, que está fora dos padrões e inserido em outra geopolítica. Nesta perspectiva, Francisco inaugura um novo tempo na doutrina social da Igreja, introduzindo o diálogo como um instrumento fundamental no trabalho social e na missão eclesial. Trata-se de uma real experiência da alteridade, de abertura e acolhida do outro em vista da busca de alternativas e construção de uma nova realidade social (nn. 5.29.136.192.285).

[16] Cf. 1Jo 4,16.

[17] Cf. DOCUMENTO CONCLUSIVO DA V CONFERÊNCIA GERAL DO EPISCOPADO LATINO-AMERICANO. Aparecida. São Paulo, 2007, nn. 365-372.

[18] Cf. VITALE, F. Il canonico Annibale Maria Di Francia nella vita e nelle opere. Roma, 1994, p. 628. TUSINO, T. L’anima del Padre, testimonianze. Roma, 1973, p. 497.

[19] O último Capítulo Geral assinalou a importância de acompanhar e animar os jovens e motivá-los para projetos de «responsabilidade e serviço». Cf. Escritos Rogacionistas 36, n. 75.