Na histórica cidade de Atenas, que segundo o escritor Petrônio, havia mais deuses que homens, Paulo encontrou um altar dedicado “ao deus desconhecido”. Neste ambiente com tantas divindades, o Apóstolo dos gentios foi levado ao Areópago para expor sua doutrina (cf. At 17,16-34). Após saudar os atenienses, Paulo diz ter encontrado o “deus desconhecido”, o Deus verdadeiro que dispensa santuários e estátuas. Paulo discursou: “Aquilo que adorais sem conhecer, eu vos anuncio…” (At 17,23ss). Ao falar da ressurreição de Jesus, alguns caçoavam do apóstolo e outros educadamente diziam: “a respeito disso, te ouviremos em outra ocasião” (At 17,32). No entanto, Dionísio e sua esposa Damaris, dentre outros, abraçaram a fé cristã.

Para os intelectuais atenienses falar da ressurreição dos mortos não faz sentido algum. O dualismo grego não dá lugar à fé na ressurreição e à vocação da pessoa humana chamada a cristificar. Mesmo em Jerusalém, onde a crença na ressurreição encontrava amplo espaço, com exceção ao grupo dos saduceus (cf. Mt 22,23-32), o anúncio da ressurreição de Jesus, proferido inicialmente no discurso de Pedro no dia de Pentecostes, provocou um grande alvoroço (cf. At 2,14-36). Entre os judeus, diz o evangelho, os sumos sacerdotes e anciãos corromperam os guardas do túmulo e espalharam o boato que o corpo de Jesus havia sido roubado pelos seus discípulos durante a noite (cf. Mt 28,11-15).

Das fake news do Sinédrio de Jerusalém à incredulidade dos atenienses, quem dá autêntico testemunho da ressurreição de Jesus e da transcendência da vida senão os cristãos? Da morte de Jesus até os nossos dias não faltaram mártires que derramaram o próprio sangue para testemunhar a fé na ressurreição do Senhor (cf. 1Cor 15,14). Não se trata de acreditar na constatação de um túmulo vazio ou menos, mas de testemunhar e anunciar com Maria Madalena, seguidora de Jesus desde os caminhos da Galileia até a morte de cruz: “Eu vi o Senhor” (Jo 20,18). Ou de rezar com Tomé chamado a tocar as feridas do Cristo, que embora ressuscitado trazia as marcas da cruz: “Meu Senhor e meu Deus” (Jo 20,28). A ressurreição de Jesus aponta para a derrota da morte e a vitória definitiva da vida (cf. Jo 10,10). Vida santa e eterna como é a vida do Senhor. Passa-se do ver para crer ao crer para ver. Ver o triunfo da vida. Ressuscitou!

Pe. Gilson Maia, RCI