1. São Paulo, por volta do ano 55, foi o primeiro a narrar o Natal de Jesus: “Quando se completou o tempo previsto, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sujeito à Lei, para resgatar …” (Gl 4,4-5).
  2. O evangelho do Natal não é uma narrativa histórica, mas reflexões maduras das comunidades que celebravam a morte e a ressurreição do Senhor (são textos cristológicos e pascais).
  3. É difícil imaginar que Mateus e Lucas, de forma independente, elaboraram um texto mitológico para explicar o nascimento de Jesus que teria nascido de modo natural de José e Maria. Ambos evangelistas atestam a origem divina de Jesus.
  4. César Augusto é uma referência a Otaviano, Imperador que reinou do ano 27 a.C. ao 14 d.C. A ele era atribuído o título de salvador do mundo / pax romana. Ironia de Lucas: o Salvador do mundo é o Menino da manjedoura, o Príncipe da paz (Is 9,6). O evangelista nos conduz de César a Jesus (Lc 2,1ss).
  5. Lucas mostra dois modos de reinar: César Augusto – o humilde Menino da manjedoura. César tem um poderoso exército. Quando Jesus nasceu, o exército celeste de anjos cantou: Glória (Lc 2,13).
  6. O Recenseamento era um instrumento para controlar o povo, cobrar impostos e organizar o exército. Não é fácil confirmar a realização do recenseamento neste exato período. Talvez seja um expediente do autor para levar a Sagrada Família de Nazaré a Belém.
  7. Davi nasceu em Belém. Jesus é conhecido como o Nazareno e nunca como Belenense (Mt 2,23). Jesus é descendente de um pastor que foi ungido rei. O nascimento em Belém não é um dado histórico.
  8. A família de José era de Belém (Lc 2,4). Maria deu à luz estando em Belém, cidade de seu esposo. Estima-se que ela viajou de Nazaré a Belém dois ou três meses antes do parto. A viagem durava 4 ou 5 dias (aprox. 25 km por dia a pé ou de burro).
  9. Deus cumpriu a promessa. Jesus é: Filho, Rei-Messias (Cristo), Pastor, Salvador.
  10. A gruta de Belém (Natal) sinaliza para a gruta de Jerusalém (morte/ressurreição: Páscoa). As faixas usadas no Recém-nascido indicam também o “sudário”. Tudo aponta para a humanidade do Verbo (Lc 23,50; 19,40).
  11. Jesus nasceu na periferia do mundo onde ainda hoje nascem e morrem milhões de crianças. Nasceu próximo à manjedoura e foi crucificado entre dois ladrões: Dimas e Gestas. Deus é pobre e humilde.
  12. Maria poderia colocar o Recém-nascido na própria cama. Mas a manjedoura, normalmente cavada na pedra, é um elemento carregado de teologia. A manjedoura é o lugar do alimento / altar da humanidade: Jesus é o Pão da Vida. Belém = casa do pão (Cirilo de Alexandria / Santo Agostinho).
  13. O povo de Belém sempre foi hospitaleiro. José estava junto a seus familiares e o menino nasceu em uma parte reservada da casa (Mt 2,11). A tradição do presépio foi iniciada a partir de São Francisco de Assis (1182-1226).
  14. Os evangelhos não mencionam a presença do boi e do asno junto à Sagrada Família. Esta tradição vem de um texto apócrifo do século VI: o Evangelho do pseudo-Mateus.
  15. Segundo o Papa Bento XVI, os animais indicam a humanidade desprovida de compreensão do mistério do Menino Deus (BENTO XVI, A infância de Jesus, p. 62). O profeta Isaías cita o boi e o asno que reconhece o seu senhor, mas Israel não (Is 1,3).
  16. Maria de Nazaré é: a Filha de Sião (profecia), Mulher, nova Eva, Virgem-Mãe e discípula do Filho. A Bíblia não diz nada sobre a família de Maria e seu vilarejo não é citado no Antigo Testamento. Maria: imagem da Igreja virgem e pobre. Discípula.
  17. Tanto na anunciação do anjo Gabriel à jovem virgem Maria, como na anunciação, em sonho a José, o menino deverá ser chamado de Jesus (Lc 1,21; Mt 1,31).
  18. Os evangelhos não esclarecem como, onde e quando José ficou sabendo da gravidez de Maria, que estava com 13 ou 14 anos.
  19. Em Lucas a maternidade de Maria sinaliza a humanidade do Filho de Deus. No evangelho de Mateus, a paternidade de José indica a relação de Jesus com os descendentes de Davi e Abraão.
  20. No antigo Israel os pastores representavam as autoridades civis e religiosas do povo de Deus (Jr 2,8; 10,21; Ez 34). No tempo de Jesus eles eram muito mal vistos e tinham a má fama de serem ladrões, não frequentavam o templo… Jesus dirá mais tarde: Eu sou o Bom Pastor (Jo 10,14; Sl 23).
  21. Os pastores foram os primeiros a receberem o evangelho – boa notícia – dos anjos e a visitarem o menino Jesus sem nada levar. Os Magos do Oriente, sinalizam a universalidade do Reino que supera as fronteiras de Israel. Os Magos levaram presentes: ouro, incenso e mirra (Mt 2,1-12). Com eles aprendemos a caminhar, buscar, seguir juntos para Belém.
  22. Jesus foi gerado por obra do Espírito Santo e é hebreu por parte de mãe. Não nasceu com uma auréola, mas uma “criança comum” visitada pelos pastores.
  23. A genealogia de Jesus segundo Mateus difere daquela de Lucas (Mt 1,1-17; Lc 3,22-38). Ambas construções literárias nos recordam que Jesus é uma figura humana e histórica, Jesus é o novo monarca de Israel. O Reino de Deus será o tema central de sua pregação. Jesus é rei não por ser descendente do rei Davi, mas porque é o Filho de Deus, o Cristo.
  24. Natal é nascimento, é vida… Emanuel: Deus no meio de nós na fragilidade de uma criança (cf. Mt 1,23; 18,20; 28,20). E o Verbo se fez carne e armou a sua tenda no meio de nós (Jo 1,14).
  25. Maria guardava tudo em seu coração: meditar, atualizar, celebrar… Maria é figura da comunidade de fé, modelo de discípula e a mais linda imagem da Igreja. Com ela aprendemos a aprofundar o significado profundo da ação amorosa de Deus: Magnificat.

Feliz Natal.