Neste último dia do mês vocacional quero convidar você para ir comigo até o mar da Galileia, que fotografado das alturas pelos satélites parece ser a pupila azul da Terra Santa.

Também é conhecido como mar de Tiberíades ou lago de Genesaré, este lago de água doce tem aproximadamente 21 quilômetros de extensão e a parte mais larga conta com 13 quilômetros.

O seu principal afluente é o rio Jordão e a sua profundidade média é de 25 metros. Foi neste belíssimo cenário que Jesus desenvolveu boa parte do seu intenso ministério, alcançando várias comunidades que viviam da pesca como a cidade de Cafarnaum, vizinha da vila de Betsaida, terra natal de Simão Pedro e André e também da família de Zebedeu, pai de Tiago e João. Na beira do lago também encontramos Magdala, aldeia de Maria Madalena (cf. Mt 15,39) e a cidade de Tiberíades, denominada assim em honra ao imperador romano.

 Às margens do lago, Jesus chamou os primeiros discípulos que deixaram as barcas e as redes e seguiram o Mestre da Galileia (cf. Mc 1,16-20). Destas praias, Jesus se dirigiu às multidões e fez de uma barca sua cátedra para ensinar o povo e anunciar a salvação (cf. Lc 5,1-11).

À beira destas águas, garantia da vida de toda a região, Jesus realizou parte da sua dinâmica ação missionária vocacional. Com a barca, ele atravessou a região dos gerasenos e libertou o possesso de Gerasa, expulsando a legião demoníaca para os porcos que precipitaram pelo despenhadeiro afogando-se no mar (cf. Mc 5,1-20). Da barca, Jesus acalmou a tempestade (cf. Mt 8,23-27), caminhou sobre as águas e encontrou os seus discípulos (cf. Mt 14,24-34).

O lago e a barca nos recordam a viva atividade vocacional de Jesus que anuncia, chama, liberta e salva. Nos evangelhos, a pesca indica a missão da Igreja. Na beira do lago, vemos também o Cristo que vem encontrar os seus discípulos pescadores (cf. Jo 21,1-14). É a fé pascal que reconhece o Ressuscitado na beira-mar e com o Discípulo Amado diz a Pedro e a Igreja: “É o Senhor”.

É o Cristo que vem nos encontrar nas praias, no ambiente de trabalho e, hoje como ontem, nos convida a deixar as barcas e as redes para seguí-lo: “De agora em diante serás pescador de homens” (Lc 5,10).[1] A Igreja, comunidade de fé, também conhecida como “a barca de Pedro”, é a plataforma da qual lançamos as redes da evangelização, que é sempre vocacional.


[1] Cf. Maia. G. L. O Discípulo Amado. São Paulo: Paulinas, 2021, p. 79ss.